sábado, 27 de março de 2010

" Waking up strong in the morning!




Walking in the straight lines..."




quinta-feira, 25 de março de 2010


"Ela me ganhou com um papo bonito e barato. Dizia "é preciso crer no amor". Já estando bobo e totalmente entregue, vislumbrei o que acontecera: era eu a vítima. Mais adiante, tive que comê-la com virilidade. Precisava reaver o meu posto de homem na relação.
"

qinho.

domingo, 14 de março de 2010


As paredes brancas, as janelas da sua casa, as brincadeiras, sua ternura, as palavras sem sentido, o gramado tão verde do seu quintal, os sorrisos, o dia claro, o vento levantando meu vestido, os olhos macios, seu cabelo de veludo...

Esse gosto que você deixa em mim. Tem sabor, cheiro de infância.
Livre.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Autoflagelação


Quero encontrá-lo hoje, preciso te ver. Não pergunte quando nem por que se tornou uma necessidade. Não sei dizê-lo.

“Estou com uma senhorita, deixe pra mais tarde.”


Pra amanhã ou depois de amanhã... Ou depois.
Eu quero agora!

Não agüento mais. Não quero mais falar com você até que diga o que eu quero ouvir.

Fim de papo.


Indignação, irritação profunda. Você é mesmo um filho da puta! Por que nunca dá o primeiro passo? Estou chateadíssima, quero machucá-lo. Eu te odeio.


Eu não me agüento, eu não aprendo, eu nunca paro.

sexta-feira, 5 de março de 2010



Os gatos são pardos, selvagens e saem à caça.

É sábado numa cidade cinza e automatizada, onde todos andam sobre rodas. As noites são densas, carregadas do cheiro de asfalto molhado, decadência e sonhos perdidos de jovens egos inflamados.

Felinos pardos selvagens saem de esconderijos iluminados por aparelhos de TV. Levam consigo seus jovens egos inflamados à caça.

Encontram-se em abrigos subterrâneos com jogos de luzes e flashes capazes de causar confusão mental e cegueira momentâneas. Todos se vestem à caráter, como o esperado. Seriam uniformes se não insistissem em imprimir nas roupas um pouco de personalidade. Dividem-se geralmente por gêneros em grupos e duplas, mas existem também os animais solitários. A verdade é que todos estão mesmo sozinhos.

Provavelmente nunca se viram, porém compartilham o gosto por abrigos subterrâneos pouco ventilados. Animais solitários buscando conforto e aprovação entre estranhos. Um refúgio pós-moderno decorado pela mistura de conceitos futuristas, pop art e balcões de madeira rústica. Resultado de uma busca frustrada por originalidade. Quem se importa?

O som tem um volume capaz de não deixá-lo pensar ou ouvir quem fala com a boca colada na sua orelha, mas não tão alto a ponto de torná-lo surdo. Eliminem a conversa, mantenham os corpos grudados. Os gatos fecham os olhos, movimentam-se no ritmo, ficam excitados. Lançam olhares lascivos, ganham confiança bebendo leite aditivado. Anestesia geral. Generalizada.

[Aniquilem nossos sentidos. Dêem-nos prazer. Façam-nos esquecer que caminhamos para o nada. Somos animais perdidos, acumulamos fracassos, nos sentimos culpados. Pequenas luzes de esperança batendo no mundo. Apagando-se no compasso do tempo.]

Enquanto a madrugada avança do lado de fora, o ar do subsolo fica cada vez mais carregado. Fumaça, suor, tesão, oxigênio condensado. Sorrisos de sábio chinês nos lábios, olhos semicerrados. Chegamos a um novo estágio agora, de esvaziar o corpo e encharcar a alma. Uma grande oportunidade de entrarmos em contato com o outro mundo. Se acreditássemos nele.

Uma das felinas olha para o teto com admiração, alegria e perplexidade. Mantém os olhos fixos num ponto, ergue os braços numa tentativa de tocá-lo, sente-se iluminada. Jesus Cristo na boate? Impossível. Somos animais quase racionais, quase selvagens, quase civilizados. Não acreditamos no inexplicável. Seria apenas mais um ponto de luz se ela não estivesse chapada.

Substâncias ilícitas, hedonismo, autopiedade.
Animais degenerados.