sábado, 26 de dezembro de 2009





Those leaving words...

...hang strong from an emptiness

...




sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Luca admirava o crepúsculo debruçado na janela, quando as mãos de Cristina começaram a queimar. Ele ja havia alertado sobre o risco de usar sapatos tão apertados...
Não se iluda, ela não vai esperá-lo.


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Imagem de Virgínia sofrendo uma convulsão, coitada.


O coração de Virgínia ardia como brasa e enquando sua mãe corcunda preparava o jantar, a moça sentiu na língua o princípio de uma convulsão. Durante o tempo em que observava a filha se contorcendo no tapete da sala, a velha corcunda exclamava cintilando os olhos foscos: “como é bonito o que o ser humano pode fazer com o próprio corpo!”

Velha sádica.


sábado, 19 de dezembro de 2009


Noite dessas eu sonhei com uma criança. Uma menina branquinha, gorducha e linda que falava com a sabedoria de uma mulher bem mais velha que eu. Eu a apertava com vontade e pronunciava meus grunhidos dementes de quando acho alguma coisa extremamente fofa. Não conseguia parar de apertá-la. Os pezinhos, as bochechas, as perninhas gordas.

De um jeito misterioso como acontece nos sonhos, ela cresceu e eu diminuí e ficamos amigas íntimas, daquelas que parecem ser almas gêmeas.
Então, saímos de uma casa cheia de gente. Parece que fazíamos parte daquelas famílias enormes, bagunçadas (em que todos se intrometem na vida de todos), mas muito unidas e capazes de amar incondicionalmente. A família que eu gostaria de ter.

E aí nós duas fomos para a rua. Era uma tarde de sol com pessoas andando por todos os lado e um homem de cabelo grisalho azul. [O cabelo dele era azul e estava embranquecendo]. Um homem velho e jovem, com muita barba (também azul-grisalha) e, de uma forma obsessiva, apaixonado por mim. Mas eu não queria nem sentia (ou não queria sentir) nada recíproco, só gostava de tomar sol no seu colo enquanto ele ensaiava formas pouco eficazes de me beijar na boca.

O mais engraçado é que eu usava o meu vestido de quadrilha de quando tinha uns 12 anos... Eu era a menina com vestido de quadrilha mais mulher do que jamais fui. E então a bebê-velha-pré-adolescente e eu fomos passear. Víamos crianças saindo das escolas, vitrines de lojas, a movimentação da tarde em uma cidade de desconhecidos. Ríamos, tomávamos sorvete, dançávamos de braços abertos, sentíamos. Éramos loucas, intensas, livres, fora de moda e incrivelmente felizes.

domingo, 13 de dezembro de 2009



Nossos cachorros, nosso quintal, nossa banda em família, nossas doenças, nossos sonhos...
Tô esperando.

Eu sempre estive.


sábado, 12 de dezembro de 2009















Deixa eu te dizer uma coisa:
A diferença entre nós e você é que rimos com os olhos também.

ps: Tô apaixonada pelo Daniel Johns.

sábado, 28 de novembro de 2009

Cigarette brake III

Sim, vamos nos expor.

A gente estava num motel sujo e barato. Daqueles sem a menor pretensão de forçar um clima erótico ou, pelo menos, parecerem limpos. E então ele disse que me ensinaria a fumar. Já tínhamos tentado uma vez, mas não deu certo. [Meus pulmões têm a pureza da fumaça do asfalto.] E quando ele disse "desisto de você", aprender esse negócio virou questão de honra. O fato é que, na realidade, ele é quem é um péssimo professor. Eu, ao contrário, sou bem aplicada.

-Porra! Queimei meu dedo! - disse eu.
-Eu seguro pra você. - disse ele.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009


É o meu silêncio. E as horas. E o vento.
Se eu fosse um pássaro, moraria na Praça da Liberdade.
Se eu fosse mendiga, tomaria banho na Praça da Liberdade. Roubaria xampu, sabonete e condicionador nas drogarias. Roubaria comida. Assustaria as pessoas. Invadiria uma casa abandonada.
É engraçado termos respeito pelas ordens sociais que mantêm nossas diferenças. Aquelas diferenças que nos fazem perder a dignidade.
Sou meio passarinho, meio mendiga. Uma quase livre.
Uma quase presa.
Uma quase alguma coisa beirando o absolutamente nada.
Uma quase livre-nada.
Quase totalmente livre, quase pássaro-indigente-nada. Mas livre.
Uma quase pseudo- liberdade ingenuamente articulada.

PS: esse texto é ridículo, eu tenho plena consciência.

domingo, 15 de novembro de 2009

Etcetera, etcetera... ♫

Os homens deveriam ser de corda. Aí vc daria corda quando quisesse usá-los e quando se tornassem obsoletos, era só deixar alí, em um cantinho. Ou colocá-los em um lixo de coleta seletiva para serem reciclados.

Deveria haver, em toda casa, um botão escrito "clear". E então, ao simplesmente apertá-lo, toda a sua casa - inclusive o quintal e os cachorros - ficariam limpíssimos e cheirosos. Enquanto a vassoura serviria apenas para espantar visitas indesejadas ou passar nos pés de alguém que não pretende se casar.

Deveria haver, no meu corpo, uma substância que me deixasse comer tudo e, ainda assim , continuar magra e saradíssima (com direito a barriga chapada e pernas incrivelmente duras).

Deveria haver alguma mágica que fizesse meu celular ter créditos ilimitados e, principalmente, meu cartão de crédito. E o que é melhor! Sem nenhuma fatura no final do mês.

Deveria haver uma terminação nervosa no cérebro das pessoas que as obrigasse a se preocupar mais com o bem das outras e com o meio ambiente. Não sei quanto a você, mas eu sinto dor sempre que vejo alguma imagem de desmatamento ou violência contra os animais.

Deveria haver uma casa toda feita de doces, assim como na história de João e Maria, só pra mim!!!

Deveria haver um produto que fizesse todos os pêlos do corpo feminino (menos sobrancelhas e cílios, é claro) caírem e não nascerem nunca mais e outro para as unhas, que as deixasse sem cutículas e prontas para passar esmalte. Além de uma pílula capaz de, milagrosamente, fazer meu cabelo crescer até a cintura de um dia pro outro.

Deveria haver 300 milhões de reais na minha conta. No mínimo.

Deveria haver um sensor em mim que me avisasse antes que eu vou me machucar.

Deveria haver alguma coisa que troxesse aqui pro meu lado o Daniel Johns. Ou o Johnny Deep. Ou o Michael Vartan (esse tem um olhar absurdamente apaixonante).

Deveria haver em mim asas, o poder de me teletransportar e de ler a mente da pessoa que eu quisesse, quando eu quisesse (um dom conveniente, eu diria).

Deveria haver um perfume que, quando o Coelho sentisse, se esquecesse completamente da Sra. Coelha Sortuda e do lugar que ele ocupa. E então, ele ficaria louco, deliciosa e completamente entregue às minhas vontades. Só às minhas, que fique bem claro!

Deveria haver, dentro de mim, uma segurança inabalável.

sábado, 14 de novembro de 2009


Um coração como o dele devia ser conservado num recipiente de vidro.
Pra ficar bem cuidado, protegido, mas ainda visível.
Pra que não se perca no tempo, não endureça, não esqueça que a dor alimenta a alma dos que estão verdadeiramente vivos.

O amor também se alimenta da dor e nem por isso deve ser mal vivido.

Um coração como o dele devia ser conservado num recipiente de vidro.
Pra que a dor que eu causei não envelheça ou envenene um coração invadido.
Pra que a dor que eu causei não seja maior que o amor consumido.

domingo, 8 de novembro de 2009

Cigarette brake II



Nem os playboys, nem os sarados, nem os ricos, nem os intelectuais. Eram os idealistas que a atraiam mais. Eles tinham mais brilho nos olhos, esperança no futuro, acreditavam nas pessoas, pensavam livremente, não continham gargalhadas.

Mesmo sabendo de cor todos os padrões esperados de comportamento, aparência e posição social dos homens que por ventura estariam em sua companhia, gostava mesmo dos idealistas. Com eles havia espaço para histórias, arte, transbordamentos, risadas histéricas, incursões revolucionárias, sonhos.

Certa vez, conheceu um rapaz que guardava para ela olhares graves - hora macios, hora severos. Ele sempre usava chinelos, tinha cheiro de roupa lavada, cabelo bagunçado e uma tranqüilidade quase irritante. Apesar de parecer indiferente, tentava impressiona-la, quase sempre conseguia. Era meio ator, meio poeta, meio louco e, acima de tudo, idealista. Havia nele olhos ardentes, sorriso fácil, amor gratuito pelas pessoas, tesão pelo mundo, verdade. Com ele, podia falar livremente sobre tudo, pintar seu rosto, rasgar-lhe as roupas, fazer sexo por amor, por tesão, por pura sacanagem e rir, rir muito.

O que os unia não tinha relação alguma com convenções sociais, hábito ou estar junto por medo de ficar só. Ao contrário. Eram unidos pela vontade, pelo bem-estar que causavam um ao outro, mesmo quando brigavam (geralmente) violentamente. Uma força maior, um magnetismo impedia que seus corpos não se atraíssem, não se tocassem... Era como tentar resistir ao irresistível.

Ele era capaz de aceitar seus defeitos, que não eram poucos, e até achar graça nas suas desconfianças, mesmo quando infundadas. Porque ela ardia, sentia, amava. O corpo dela, os ossos, a pele, a boca dela. Tudo estava ali, tudo queimava por ele.

Ela gosta dos idealistas porque acredita que eles se permitem, deixam-se levar por ela e a aceitam bem do jeito que ela gosta de ser. Ela gosta deles porque há espaço pras suas fantasias, suas histórias, seu sorriso fácil, sua verdade, seus transbordamentos, seu tesão pelo mundo.

Gosta, porque há lugar para o vínculo sem alianças, sem definições de posição ou compromisso, nem hora certa.

Eu, eu mesma e Lorena



O que existia estava ali:
O coração grandão.
O amor próprio.
A vontade de ficar pra sempre.
O prazer com um bolo de chocolate.
A saudade do que nunca vem.
O vento, o veludo, a pele, o som...
O amor, o amor, o amor...

"Só pode ser viver esse viver que deixa viver..."♫

sábado, 7 de novembro de 2009

Cigarette brake


Tô com mania de fazer rima, fiz um poeminha fraco na aula de direito empresarial. Direito e publicitária não combinam. Sempre dá merda. Ou poema. Poemas da Lorena com rimas previsíveis na aula de direito empresarial são... Merda!

Ele fez parte da vida dela e na minha fez só uma participação especial. Especial pra mim, não pra ele.

Foda-se. Dane-se. Morra-se. Acovarde-se. Auto-sabote-se.

Não consigo.

Sou malcriada e falo palavrão. Sou malcriada e respondo à altura. Sou malcriada e não levo desaforo. Tenho um infarto fulminante se não for malcriada.

Vou casar com um astro do rock.

Vou casar? Ha-ha!
Casamento é convenção.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009


A velhinha corre. Ela é velha, mas corre. Eu não corro, sou adepta a outros tipos de atividades físicas. Tem uma mulher sentada na minha frente com muita banha sobrando nas costa. Ela está vestida com roupas provavelmente inadequadas para o seu tipo físico, mas parece confortável com isso. Tem o cabelo bonito. Acho que fez redução de estômago. Numa situação como essa, vestir-se mesmo que inadequadamente deve ser muito mais confortável. Ela se levanta, anda desajeitada e com pressa. Talvez vá visitar alguém no hospital. Pensamentos fúteis e suposições sobre a vida alheia sempre percorrerão sua mente quando estiver tentando gastar o tempo enquanto espera a sua vez numa fila qualquer.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009


Com brutalidade me puxou para ele (nada surpreendente, já que trata-se de um animal) e segurou com força os meus braços. Eu resisti, é claro! Tentei empurrá-lo, ordenei que me soltasse.

“Fica quieta!”
“Vai se ferrar!”

Nós brigamos, nos ofendemos e eu bati na cara dele. Tinha raiva me queimando por dentro. Obviamente, fui vencida e virada de costas pra ele. Então, ele me pegou puxando meu cabelo com força e colocou minha cabeça no seu ombro direito. Beijou a minha boca, mordeu meus lábios e disse “você merece isso”. Ofegante, apertou meu corpo contra o dele. Eu estava de bruços, apoiada sobre os cotovelos e sem a menor chance de defesa. E nem queria. Queria ele colado em mim, queria ele dentro de mim.

Ele raspava a barba curta no meu pescoço, nos meus seios, olhava nos meus olhos e quando eu falava sacanagem no ouvido dele, o reino animal agradecia.
E segurava o meu quadril com força, puxava pra ele, pressionava o meu quadril contra o dele. Por trás, devagar...

"Diga que eu não sei de nada, nem posso saber..."
Até Secos e Molhados tocaram na minha cabeça doente.

Matamos um pouco pra fazermos renascer.

Um esclarecimento inicial


Eu não sei, eu não sei... O fato é que falo melhor de amor do que da sociedade, apesar de ser uma pessoa muito mais social que romântica. Muito embora tenha sido criada para acreditar que mulheres devem gostar de rosa, da idéia de maternidade, de vestidos de noiva e na perfeição de um príncipe encantado, não acredito em nada disso.


Estou dando uma de ignorante. Sei que o pensamento romântico vai muito além e tem até grande influência cultural sobre o comportamento consumista moderno, pra se ter uma idéia. É que coloquei aqui apenas a parte visível do imaginário infanto-juvenil-adulto feminino. Lamento desiludi-los, mas a idéia de amor é cultural.

Que papo é esse?

De fato, não sou romântica.

Doméstico e dócil

Aqueles braços em volta de mim acalmavam-me no peito. Amansavam todas as angústias dentro dele. Eram meu consolo, meu refúgio, o lugar mais seguro do mundo. E eu apenas deixava. Que eles me protegesse, me contassem histórias, me colocassem pra dormir. Deixava que a voz dele preenchesse todos os espaços da casa e acalmasse. O tempo, os móveis, o vento entrando pela janela da sala.

Sexualmente trasmissível


Estava dentro, pulsando dentro, pressionando o corpo dentro.
O corpo dentro do corpo.
O nascimento de um novo amor.